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Como mediar o conflito entre irmãos?
Publicado em 21 de setembro de 2022
Aprender a fazer acordos, a dividir os espaços ou objetos com outra pessoa e a solucionar desentendimentos são desafios comuns que fazem parte da convivência, sobretudo, no período da infância. Esse é o momento em que as crianças ainda estão descobrindo os próprios sentimentos, adquirindo formas de entender e experienciar o mundo e começando a compreender os relacionamentos interpessoais.
No contexto familiar, esses desafios podem ser observados nos conflitos entre irmãos. Se você convive com mais de uma criança, possivelmente, já escutou: “mãe, ele não quer me deixar jogar”; “foi ele que começou”; etc. O repertório de desavenças pode ser extenso, porque os motivos de desacordo também são, seja porque um está brincando com algo que o outro quer ou até mesmo por ciúmes dos pais ou responsáveis.
Por mais desafiadores que pareçam às vezes, os atritos entre irmãos são normais. No entanto, o diferencial está na forma como eles serão solucionados. Mas, qual postura assumir na hora de mediar os conflitos? Para responder a essa e outras perguntas, o Poliedro selecionou 5 dicas que podem te ajudar a remediar essas situações adequadamente.
Quer saber mais? Continue a leitura!
Por que o conflito entre irmãos acontecem?
Após a chegada de outra criança na família, é normal que o filho primogênito tenha que se adaptar e se ajustar às novas dinâmicas familiares para atender as necessidades do cotidiano. Por essa razão, a presença de outra criança pode deixar o filho mais velho com ciúmes e inseguro com relação dos pais e responsáveis com o caçula, pode gerar dificuldade em dividir o espaço ou os objetos etc.
Entretanto, esses sentimentos e o possível conflito entre irmãos durante a infância (e até mesmo depois dela) são normais. Se forem mediados de maneira adequada, essas situações podem colaborar para que as crianças desenvolvam habilidades, como adaptabilidade, sociabilidade e empatia, qualidades indispensáveis para a vida em sociedade.
Mesmo que presenciar esses conflitos possa ser desafiador para muitos pais e responsáveis, é importante considerar que, conforme esclarece as pesquisadoras Emeline Pompeo da Silva e Michele Gaboardi Lucas, “por meio das experiências de conflito e de suas resoluções, os irmãos podem colaborar com o crescimento uns dos outros, desenvolvendo competências que não seriam adquiridas na ausência de divergências”.
5 dicas para ajudar a solucionar o conflito entre irmãos
O conflito entre irmãos, em maior ou menor grau, precisam ser observados com atenção. Quando necessário, os responsáveis devem recorrer a algumas estratégias para remediar as desavenças, considerando a individualidade e o bem-estar emocional de cada criança.
1. Intervenha apenas quando for necessário
Ao menor sinal de discussão é possível que você queira entender imediatamente o que está acontecendo ou deseje intervir. No entanto, essas podem não ser as saídas mais adequadas. É preciso compreender que nem sempre os pais devem solucionar todo conflito entre irmãos. As crianças precisam aprender a administrar as divergências para adquirir autonomia e a capacidade de gerir as próprias questões.
Mas, quando intervir? Os responsáveis devem agir se as crianças solicitam a sua presença, quando a situação se estender demais ou passar dos limites, por exemplo, se houver falta de respeito, agressões físicas ou verbais.
2. Não julgue a situação precipitadamente
Antes de tomar uma atitude para remediar um conflito, escute os dois lados da história e não tire conclusões precipitadas para que não favoreça uma das partes. Depois de escutar os dois, com atenção, pense em uma resolução justa, levando em consideração a idade e maturidade de cada um.
3. Incentive a autonomia para a solução do conflito
Proponha aos irmãos que eles mesmos criem uma estratégia para resolver o conflito. Esclareça primeiramente qual o problema e pergunte às crianças se há alguma forma de solucioná-lo. Por exemplo: se o problema é compartilhar um brinquedo, você pode pegar o objeto e explicar que só vai devolvê-lo no momento em que as crianças conseguirem entrar em um acordo sobre o que fazer a respeito daquilo que está provocando o conflito.
Afasta-se e dê alguns minutos aos irmãos. Ao retornar, pergunte qual a decisão de ambos e, se for uma saída justa e possível, devolva o brinquedo.
4. Converse
O diálogo deve acontecer sempre, e não apenas no momento em que os irmãos entram em conflito. As conversas precisam ser contínuas e, em alguns casos, é normal que uma mesma informação precise ser dita várias vezes, de formas diferentes, para que a criança compreenda certos limites e entenda o que deve ou não fazer.
Ao conversar com os irmãos na hora de mediar o conflito, seja firme e brando, evite perder a paciência e, sobretudo, não brigue ou grite. Tentar resolver desavenças com atitudes ríspidas pode fazer com que a criança entenda que brigar será sempre o caminho mais adequado para sair de um conflito.
5. Saiba impor limites, mas com respeito
Em momentos de conflito, muitas vezes, é necessário impor limites às crianças. Se isso for necessário, lembre-se de fazê-lo com respeito, sem tentar “diminuir” a criança. Segundo o psiquiatra Gustavo Teixeira, em texto para a Revista Crescer, nesses momentos é preciso evitar comparações entre os irmãos e “censurar a criança com adjetivos que agridam sua autoestima, dizendo, por exemplo, que ela está parecendo um bebezinho. O certo é desaprovar o comportamento, não a criança, de preferência usando exemplos positivos”.
Manter o diálogo constante e dar exemplos positivos para as crianças, ensinando-as a resolver os conflitos com os irmãos, torna o ambiente familiar emocionalmente saudável e acolhedor, possibilitando ainda o desenvolvimento da autonomia na infância.
Leia também: Autonomia infantil – quais os benefícios de incentivá-la?
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